A surdocegueira é uma
deficiência única caracterizada pelo prejuízo de dois sentidos, a visão e audição
simultaneamente e em graus de perda diferentes. Não se trata de uma pessoa
surda que não pode ver, nem cega que não pode ouvir, isto é, a surdocegueira
não consiste na somatória das duas deficiências, podendo não haver a perda
total dos dois sentidos.
Por ser desprovida de dois sentidos importantes a perda
sensorial trás dificuldades para o desenvolvimento da compreensão do ambiente e
muitas vezes a pessoa com surdocegueira fica isolada das informações do mundo
que a cerca. O surdocego necessita da utilização dos sentidos remanescentes, ou
seja, aqueles que estão intactos: o olfato, paladar, tato e aqueles que ainda
possuem resíduo: visuais e ou auditivos. Sentidos estes, que lhe trarão
informações sobre o ambiente no qual está inserido.
A perda da audição e visão impossibilita o uso dos
sentidos de distância, cria necessidades especiais de comunicação, causa
extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais,
recreativas, sociais, para acessar informações e compreender o mundo que o
cerca.
Conforme Mclnnes (1999), a premissa básica é que a
surdocegueira é uma deficiência única que requer uma abordagem específica para
favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte.
Cabe ressaltar que a surdocegueira não é uma deficiência
múltipla e que existem vários tipos, tais quais: cegueira congênita e surdez
adquirida, surdez congênita e cegueira adquirida, cegueira e surdez congênita,
cegueira e surdez adquirida, baixa visão com surdez congênita ou adquirida.
Em contra partida, a Deficiência Múltipla (DMU) “É uma
condição heterogênea que identifica diferentes grupos de pessoas, revelando
associações diversas de deficiências que afetam, mais ou menos intensamente, o
funcionamento individual e o relacionamento social” (MEC/SEESP, 2002).
“Considera-se uma
criança com deficiência sensorial aquela que apresenta deficiência visual
auditiva, associada de comportamento e comprometimentos, sejam elas na área física,
intelectual ou emocional, e dificuldade de aprendizagem” (MEC/SEESP/2006).
Mediante, a Lei 7.853 de 24 de outubro de 1989, a
definição para as pessoas com deficiência múltipla é aquela que tem mais de uma
deficiência associada (intelectual, visual auditiva, física), com
comprometimentos que acarretam conseqüências no seu desenvolvimento global e na
sua capacidade adaptativa.
As características especificas apresentadas pelas pessoas
com DMU, lançam desafios à escola e aos profissionais que com elas trabalham, no
que diz respeito à elaboração de situações de aprendizagem a serem desenvolvidas
para que sejam alcançados resultados
positivos ao longo do processo de inclusão. Esses alunos constituem um
grupo com características especificas e peculiares e, consequentemente, com
necessidades únicas. Por isso, faz-se necessário dar atenção a dois aspectos
importantes: a comunicação e o posicionamento.
As principais necessidades básicas das pessoas com Surdocegueira
e com DMU são:
O desenvolvimento do esquema corporal, conceito corporal
e consciência sensorial, o equilíbrio postural, a articulação e harmonização de
seus movimentos, a autonomia em deslocamento e movimentos, o aperfeiçoamento da
coordenação geral, viso-motora e fina,o desenvolvimento da força muscular,constante
interação com o meio ambiente. Os que não possuem graves problemas motores,
devem aprender a usar as duas mãos, para
minimizar as eventuais estereotipias motoras e desenvolver um sistema
estruturado de comunicação; aquisição da linguagem estruturada no registro
simbólico, verbal e gestual .
A partir dessa realidade, é comum percebermos, que as
estratégias utilizadas para a aquisição da comunicação, deverão está voltada
para o respeito, a dignidade e a individualidade de cada aluno. Diante disso,
faz-se necessário a utilização de vários recursos na comunicação, entre os
quais: gestos, símbolos tangíveis; leitura tátil da vibrações produzidas
durante a emissão verbal (Tadoma); sistema Braille; alfabeto dactilológico; objetos
de referências para atividades e situações da vida diária e aprendizagem,
calendários de antecipação/comunicação/tempo/apoio emocional, escrita ampliada,recursos
da comunicação alternativa e aumentativa; sistemas pictográfico de comunicação
, tecnologia Assistiva , dentre outros.
Para que a
aprendizagem dessas pessoas seja significativa, as intervenções realizadas
deverão ser diferenciadas, com metodologias especificas abrangendo e esgotando
todas as formas passiveis de contribuição ao seu desenvolvimento global. No
entanto o processo de comunicação deverá ter inicio na infância, onde a
estimulação dos sentidos poderá ter avanços significativos, e assim o trabalho
com uso de suas habilidades serão mais aprimoradas.
Referências:
BOSCO, Ismênia C. M. G.; Mesquita, Sandra R. S. H.; MAIA.
Shirley R
Coletânea UFC –MEC2010: A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão Escolar – Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência
Múltipla.
GIACOMINI, Lilia ET all. Coletânea UFC – MEC/2010: A
Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar – Fascículo 07: Orientação
e Mobilidade.